Uma Galeria de Arte Virtual com obras que estejam de alguma
forma relacionadas à temática da PAZ. Abrimos a exposição
com a imagem oficial do 13º Festival de Inverno - GUERNICA,
de Pablo Picasso - e outras três obras escolhidas e comentadas
pelo professor e artista plástico Geraldo Leão, do DEARTES/UFPR.
Você também pode participar enviando suas imagens e textos
para o endereço artepelapaz@ufpr.br
Galeria
dos Grandes Criminosos de Estado
Da vasta galeria de ditadores e democratas criminosos que
a história nos abre as portas, escolhemos para ícone desta
primeira exposição de "Poplítical art" seis mentes doentes
que, quando à cabeça de seus governos, deram uma conduta essencialmente
militar às suas políticas, arrastando ao inferno os povos
sob seus cetros. Mitificação religiosa do Estado ou da raça,
com arte tecnoligia e propaganda fizeram o século do humanismo
científico experimentar a barbárie sangrenta do mundo primitivo.
Reproduzimos em prelo tipográfico a efígie de cada patriarca
da religião de Estado, o que, por colagem, resultou em irônicos
e divertidos modelos de papéis de parede. Seis ícones da sociedade
de consumo de armas de guerra. A exposição é decorrente de
uma experiência ultra pop na era da reprodutividade técnica
da violência e é dedicada à memória da filósofa alemã Hannah
Arendt, que tanto pensou a condição do homem moderno. Exposição
de Marcelo Weber.
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Transfiguração,
Rafael Sanzio
Uma imagem reveladora de uma rígida estruturação social. A
cena é claramente feita para ser contemplada como um espetáculo
a que só temos acesso à parte inferior, através da diagonal
entre a perna do homem à esquerda e a da moça ajoelhada mais
à direita. O retângulo áureo é dividido em duas partes das
quais a inferior, quadrada, onde a cor predominante é o marrom
terreno e em que a composição é tortuosa e dramaticamente
confusa, a figura serpentinata que os escritores da época
comparavam ao movimento das chamas. O contraste é forte com
a parte superior, de cor predominantemente azul celeste, onde
as figuras são dispostas harmoniosamente segundo as formas
geométricas básicas: o círculo formado pelas nuvens e que
envolvendo as figuras apóia-se nas cabeças das duas figuras
centrais da parte inferior. Um triângulo está inscrito neste
círculo com o vértice na cabeça do Cristo, os lados desse
triângulo são traçados pelas inclinações dos apóstolos ao
seu lado e a base é o patamar que separa o céu e a terra na
cena pintada.

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Composição com amarelo, Mondrian - 1930.
Para o crítico franco-argelino Yve-Alain Bois, a pesquisa
pictórica de Mondrian não estava baseada apenas numa metafísica
desvinculada da realidade concreta do mundo. Segundo ele,
o objetivo do artista seria o de preparar "advento da sociedade
sem classes, onde as relações sociais seriam transparentes
e não reificadas, e onde não haveria diferenças entre artistas
e não artistas, entre arte e vida. A nova arte deve ser, em
si mesma, o modelo e augúrio de tal libertação: Essa libertação
futura, ou estado socialista, é divisado através dos princípios
do neo-plasticismo, da qual a arte neo-plástica pode somente
ser um 'pálido reflexo', embora o mais avançado possível a
esse tempo" ( Bois: 1998, p.239) Mas como podemos ver, nem
sempre as boas intenções coincidem com sua realização. Esta
pintura é concebida, segundo o pintor, através dos princípios
da Teosofia, que pregava que o mundo seria engendrado a partir
dos dois princípios básicos universais, simbolizados pelas
linhas horizontais - o princípio feminino e as verticais -
o masculino. Se lembrarmos que a idéia da associação das formas
e princípios: vertical e ativo, igual a masculino, e horizontal
e passivo igualados ao feminino, possui fortes concepções
de qualidade ligadas aos gêneros, vemos concepções contraditórias
presentes em sua obra. Do mesmo modo. O artista restringiu
sua paleta às cores básicas e, neste caso, o amarelo é o escolhido.
Ora, a cor tradicionalmente foi entendida como imune ao controle
pela razão, sendo mais intuitiva do que lógica e por isto,
foi historicamente considerada feminina em oposição ao desenho,
que por ser "racionalmente aferível" tinha qualidades "claramente"
masculinas. Assim, vemos que a obra de Mondrian pode ser vista
como possuindo qualidades - declaradas pelo artista - de uma
vontade de transformação social e, ao mesmo tempo, de um modo
provavelmente inconsciente - reproduzindo mecanismos tradicionalmente
ligados às estratégias de dominação entre os gêneros.

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Catedral, Jackson Pollock - 1947.
No final dos anos de 1940, o crítico americano Clement Greenberg
investe contra a 'falsidade' do espaço virtual na representação
tradicional produzindo uma teoria crítica que busca encarnar
os conceitos de igualdade social e o reconhecimento das qualidades
materiais das práticas artísticas. Para ele, a culminação
de suas idéias é o processo desenvolvido por Jackson Pollock,
chamado de "all-over". Este punha em questão a virtualidade
do espaço pictórico renascentista e a utilização da pintura
para fins de mera sugestão de um espaço e tempo inexistentes
na realidade concreta da obra. Esse processo pictórico permite
que a imagem resultante seja o produto da pura ação de pintar,
liberta da submissão pela representação de qualquer instância
exterior, princípio pré-dado ou de alguma virtualidade - mesmo
que inconsciente e que ao mesmo tempo seja o resultado das
características materiais da tinta. Esta se ajusta pela ação
da gravidade ao tecido na horizontal, espalhando-se igualmente
por toda a superfície da tela numa distribuição que elimina,
pela primeira vez na história da pintura, qualquer possibilidade
de hierarquização dos seus elementos constitutivos. Citando
Greenberg num ensaio de 1948: "O 'all-over' talvez responda
ao sentimento de que todas as distinções hierárquicas foram,
literalmente, exauridas e invalidadas; de que nenhuma área
ou ordem de experiência é intrinsecamente superior, em qualquer
escala final de valores, a qualquer outra área ou ordem de
experiência".1
1 Greenberg, Clement. Arte e cultura. Ensaios críticos. Ática:
São Paulo, 1996, p.167.

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Manifesto
Cátedra Cultura e Paz
A
cátedra UNESCO CULTURA DA PAZ, coordenada pela Associação
Universidades do Grupo Montevidéu - AUGM, reafirma sua profunda
vocação e preocupação com o destino dos povos do mundo, razão
pela qual expressa e reitera sua condenação a toda violação
aos direitos humanos, denunciando a persistente política de
avassalamento e tomada de decisões unilaterais que comprometem
a paz mundial.
A AUGM reitera sua adesão aos princípios pacifistas que inspiram
a Carta das Nações Unidas e, como expressa a Declaração de
Curitiba, considera que a cultura da paz é também uma responsabilidade
acadêmica, razão pela qual convoca as universidades membros
a gerar espaços dirigidos ao interior de suas instituições
(cátedras, seminários, mesas redondas) onde se incorpore a
problemática que compromete o Oriente Médio e a todos os países
do mundo, unindo-se num protesto exigente para trabalhar pela
paz. Isto supõe o compromisso coletivo de opor-se energicamente
ao ilegítimo uso da força e pronunciar-se pela defesa da sacralidade
da vida humana.
Pelo
que foi afirmado acima, o Comitê Coordenador da Cátedra Cultura
da Paz convida a todos a se somar ao seguinte chamado:
As sociedades, inicialmente expectadoras e surpreendidas,
agora se organizam diante da violência do enorme cataclismo
humano anunciado. O conflito emerge conjunturalmente entre
as tensões geradas pelas múltiplas fraturas do sistema dominante
e as confrontações, que na urgência de consolida-las, são
provocadas no planeta por uma reducionista e antagônica leitura
da realidade.
Mas existem razões mais profundas. As distâncias entre as
esperanças e possibilidades de alcançar o desenvolvimento
através do conhecimento se ampliaram no mundo nos últimos
cinqüenta anos. Este abismo compromete a sobrevivência das
sociedades e gera fortes tensões nas populações dos países,
que enxergam limitado o seu acesso à sociedade do conhecimento
e a sua aplicação produtiva ou social.
Estas
fraturas diluíram progressivamente nas sociedades planetárias
a noção de progresso e facilitaram o surgimento de leituras
fundamentalistas da realidade, que dividem de modo reduzido
e simplista o mundo entre o bem e o mal, sem levar em consideração
a pluralidade analítica e a complexidade dos processos interativos
das sociedades entre si e com a natureza.
A mudança a que assistimos não é somente uma declaração de
guerra entre Estados produzida por um conflito de interesses;
não tem como único objetivo apropriar-se das reservas de combustíveis
fósseis de uma região. É uma profunda transformação no método
de organização do planeta, na concepção de mundo, nas regras
que até agora fizeram possível a convivência entre as nações.
A noção de intervenção preventiva não só divide a comunidade
internacional de nações, mas também abre caminho ao monopólio
da força e da razão, à negação da pluralidade conceitual,
ao totalitarismo.
A opinião pública ainda não manifestou sua última palavra.
Por essa razão a Cátedra AUGM/UNESCO de Cultura de Paz, comprometida
com a defesa dos princípios que fazem possível a sobrevivência
entre os povos, faz um chamado à mobilização das consciências
da região e do mundo para consolidar os fundamentos da paz,
a única garantia para a construção do desenvolvimento das
nações e para a compreensão dos equilíbrios necessários para
a sobrevivência do planeta. Porque entende que a paz não é
um simples armistício ou um voto numa instância internacional,
senão um trabalho cotidiano em benefício da justiça, da eqüidade,
do direito dos povos à educação, à saúde, à alimentação, à
diversidade do pensamento e das culturas, aos benefícios gerados
pela sociedade do conhecimento. E também o direito a opor-se
à barbárie da guerra.
COMITÊ COORDENADOR DA CÁTEDRA 'CULTURA DA PAZ'
Fernando Lema
Karina Batthyány
Acácia Zeneida Kuenzer
Maria Angélica Marcó
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