Brincadeiras para o ano todo

O projeto Brincando na Praça tem a proposta inicial de reunir crianças que não conseguiram se matricular nas oficinas do Festival de Inverno, oferecendo atividades durante todas as tardes do Festival. Em 2006, o eixo temático Vivendo, Revivendo e Reinventando Brincadeiras Populares conseguiu resgatar – além das brincadeiras tradicionais – o caráter lúdico das praças de cidades pequenas.

O tema foi escolhido pelo grupo de pesquisa em lazer e recreação, coordenado pela professora Simone Rechia da UFPR. Todos os dias os quinze monitores envolvidos no projeto preparam atividades direcionadas, com temas que permitam a inclusão de brincadeiras tradicionais e discussões sociais. Durante a semana as crianças conheceram um pouco mais dos jogos de diferentes países, viajaram pelas atividades do circo, brincaram com questões de meio ambiente e participaram de jogos juninos. Pescaria, jogo de latas e boca do palhaço eram brincadeiras simples mas até então desconhecidas para algumas crianças. Para Ian Cajagone (foto), de seis anos, estas novas brincadeiras estarão presentes durante todo o ano. “São brinquedos legais e simples. Posso reunir meus amigos e montar meus próprios brinquedos, o ano todo” conta.

Garantir que as brincadeiras se incorporem no dia-a-dia das crianças e confeccionar os próprios materiais é uma das grandes bases do projeto. “A diversão não deve apenas alegrar a criança, deve incorporá-la em todo o processo. Cada atividade realizada na praça tem uma função recreativa, social e cultural.” conta Simone Rechia. Os resultados já são perceptíveis: além das crianças, é aparente o interesse dos pais, dispostos a ajudar na confecção dos jogos e curtir um momento de nostalgia da infância.

Pela terceira vez à frente da Praça, Simone conquistou o que garante ter sido uma de suas propostas desde a primeira participação no evento: a integração. “Estamos presentes em um festival cultural, é importante aliar a recreação à arte e cultura. Lazer é mais que esporte. Trazemos oficinas para ensaiar e apresentar para as crianças, assim, elas tem acesso ao que é produzido nas oficinas e entendem que tudo foi pensado durante o mesmo processo de formatação do Festival”.

Rodrigph Bueno

Comedia Dell´ACT
A Commedia dell´Art ganhou elementos brasileiros em “As Calcinhas da Flor”, apresentado no Theatro Municipal de Antonina. O espetáculo faz parte do projeto Comédia dell´ACT, uma pesquisa realizada pela companhia curitibana que, a partir de uma oficina, selecionou o elenco para pesquisa do gênero e construção da montagem.

Rodrigph Bueno

Percussão
A pesquisa de jovens instrumentistas em música contemporânea para percussão é o foco do Grupo de Percussão da UFPR, formado em sua maioria por estudantes ou ex-estudantes da UFPR.

O espetáculo apresentado em Antonina contou com interferências do Téssera Companhia de Dança, explorando o conceito de integração artística e dança-percussão.

Rodrigph Bueno

Invasão de bonecos gigantes

A tradição do carnaval pernambucano chegou a Antonina. A oficina Boneco Gigante de Olinda, ministrada por Fábio Medeiros, reuniu interessados na cultura popular do carnaval para troca de experiências e confecção do símbolo. Grande parte dos alunos jamais teve contato com o desfile original, realizado em Pernambuco. “Inicio a oficina apresentando vídeos e um documentário que realizei, para implantar as impressões e grandiosidade dos bonecos no carnaval”, conta Fabio. As etapas de confecção dos bonecos exigem dos alunos diferentes habilidades artísticas, como a modelagem nos blocos de isopor, pintura da fisionomia dos bonecos, trabalho com espuma e o movimento necessário para “dar vida” aos personagens. Segundo Fabio, grande parte dos interessados na oficina participa, de alguma forma, da produção de eventos como carnaval e teatro de bonecos e, assim, já chegam com idéias para a criação dos personagens. “Cada turma traz referenciais diferentes. Nas oficinas do Nordeste, por exemplo, os bonecos são representações de figuras reais, como artistas e políticos. Os estados do Sul produzem mais caricaturas, figuras estereotipadas”. Outra característica do carnaval do Sul do Brasil, apontada por Fábio, é a falta de participação do público nos desfiles. “O modelo de desfile carioca mantém duas formas diferentes de se brincar o Carnaval, os que realmente desfilam e o público que assiste. Nos blocos do Nordeste brasileiro, todas as idades se reúnem, brincando juntos o Carnaval. O público poderá ver o resultado da oficina na manhã do dia 15, quando acontece o desfile de encerramento das oficinas.

Rodrigph Bueno

Família unida nas oficinas do Festival de Inverno. As oficinas direcionadas para crianças de três a cinco anos já são aguardadas pela população de Antonina. Érica Cerqueira, de três anos, participa pela primeira vez das oficinas do Festival. “No ano passado não pude deixá-la em nenhuma oficina, mas agora ela esta preparada e muito animada”, conta a mãe Fabiana Cerqueira. Aproveitando a espontaneidade da criança, a mãe escolheu as oficinas Movimentasom e Brincando de Dançar. O outro filho de Fabiana, Carlos, tem outro método para escolher as oficinas. “Minha mãe explica como será cada curso e faço uma lista. Depois é só pesquisar com os amigos para não ficar sozinho na turma”. A importância dada às oficinas, não é por acaso. Fabiana é professora em Antonina este ano estará na turma de Ensino de Teatro nas Escolas. “Sempre procuro as oficinas do Festival, é um grande momento para a cidade, onde crianças e adultos respiram cultura”.

Rodrigph Bueno

Acordar cedo em uma manhã de sábado pode não ser um programa muito tradicional, mas para um grupo de seis amigas de Antonina essa é a grande diversão quando se trata do dia de inscrições das oficinas do Festival de Inverno. A primeira inscrita nas oficinas, Brenda Miranda, chegou ao Patronato do Idoso de Antonina – onde ocorrem as inscrições – ás quatro horas da manhã. “Ainda estava escuro, mas como viemos em várias amigas o tempo passou rápido”, conta. O tempo exato que as meninas esperaram foi de cinco horas. “Achamos que vale a pena, pois temos certeza de que conseguiremos vaga na oficina escolhida”. A oficina que Brenda escolheu foi Maquiagem Encantada, mas as primeiras oficinas que completaram as vagas – meia hora depois da abertura dos portões - foram Caranguejinho e Rádio Brinquedo, mostrando um interesse grande das crianças da cidade em experiências de mídia e a relação dos veículos com o entretenimento.

Rodrigph Bueno

Números do Festival

A décima sexta edição do Festival de Inverno da UFPR impressiona tanto pelas atrações selecionadas uanto pelos números que o formam. Os oito dias em Antonina apresentam mais de trinta espetáculos, entre shows, corais, apresentações musicais, de dança, teatro e atividades paralelas, como a exposição dos cartazes do Festival e uma mostra de cinema em parceria com a FUNARTE. A comissão organizadora selecionou as atrações dentro de 133 propostas enviadas.

Cerca de 170 cartazes foram inscritos no concurso que premiou a melhor imagem para representar o Festival de Inverno. O cartaz escolhido, de Mauro Brustolin Iplinski, serviu como base para toda a rogramação visual do Festival 2006. Além de ver o cartaz distribuído em mais de mil exemplares,
Mauro ganhou um prêmio no valor de dois mil reais.

A distância entre Curitiba e Antonina é de 93 km. Apenas nas visitas de pré-produção, a equipe percorreu este trecho cinco vezes, totalizando 930 km - em viagens de ida e volta. Entre professores e servidores da UFPR envolvidos, somam-se mais de 30 pessoas. A equipe conta ainda com a monitoria de 35 alunos da Universidade.

As oficinas oferecem 780 vagas distribuídas em 32 turmas. Para as crianças estarão disponíveis 70 opções de turmas, totalizando 790 vagas. Uma equipe especializada selecionou as oficinas mais apropriadas entre as 207 propostas enviadas. As inscrições para as turmas infantis ocorrem na cidade de
Antonina, oferecendo à população da cidade opções de aprimoramento em diferentes áreas. Esta ação garante a proposta extensionista do Festival, que divide conhecimentos culturais e artísticos com a cidade que recebe o Festival de Inverno.

Rodrigph Bueno